20.12.07

Poema para habitar



A casa desabitada que nós somos
pede que a venham habitar,
que lhe abram as portas e as janelas
e deixem passear o vento pelos corredores.
Que lhe limpem
os vidros da alma
e ponham a flutuar as cortinas do sangue
– até que uma aurora simples nos visite
com o seu corpo de sol desgrenhado e quente.
Até
que uma flor de incêndio rompa
o solo das lágrimas carbonizadas e férteis.
Até que as palavras de pedra que arrancamos da língua
sejam aproveitadas para apedrejarmos a morte.


Albano Martins
Imagem: tazmo

3 comentários:

Ana disse...

que poema tão mas tão lindo!

E fala de algo tão simples e por si só belo, afinal de contas não há quem não seja uma casa que precisa de habitantes.
:)))

Happy and Bleeding disse...

:)*

menina tóxica disse...

ana, também achei. e ele outros mais bonitos também :)))*

happy ;))*