13.5.08

Cabeça em ambulância



Há feridas cíclicas há violentos voos
dentro de câmaras de ar curvas
feridas que se pensam de noite
e rebentam pela manhã

ou que de noite se abrem
e pela amanhã são pensadas
com todos os pensamentos
que os órgãos são hábeis
em inventar como pensos

ligaduras capacetes
sacramentos
com que se prende a cabeça
quando ela se nos afasta

quando ela nos pressente
em síncope ou desnudamento
ou num erro mais espaçoso
ou numa letra mais muda
ou na sala de tortura
na sala escura, de infância.

Luiza Neto Jorge
Imagem: shiek0r

4 comentários:

L. disse...

o poeta censura-se a si próprio. vezes sem conta.

menina tóxica disse...

e não só poeta :)

Ana disse...

:)

menina tóxica disse...

:) bjinho nessa bochecha linda*