30.10.08

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Vou pôr anúncio obsceno no diário
pedindo carne fresca pouco atlética
e nobres sentimentos de paixão.
Desejo um ser, como dizer, humano
que por acaso me descubra a boca
e tenha como eu fendidos cascos
bífida língua azul e insolentes
maneiras de cantar dentro da água.
Vou querer que me ame e abandone
com igual e serena concisão
e faça do encontro relatório
ou poema que conste do sumário
nas escolas ali além das pontes
E espero ao telefone que me digam
se sou feliz, real, ou simplesmente
uma espuma de cinza em muitas mãos.

António Franco Alexandre

Imagem: Irina Rozovsky

9 comentários:

V. disse...

post fabulástico, menina linda! :p *

Menina Limão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
menina tóxica disse...

:))))*

Anónimo disse...

não conhecia o poema nem o acho brutal. poderia ter sido eu a escrevê-lo se tivesse o dom de tirar as medidas certas ao que sinto quando estou vivo para me vestir de palavras. não sendo um alfaiate de palavras prefiro andar nu. por vezes gosto de vestir o fato dos outros e então leio os poemas deles. poucas vezes me servem. este assenta-me bem. obrigado pelo empréstimo.

menina tóxica disse...

de nada rui.
eu acho-o brutal, e nunca seria capaz de o escrever. mas posso senti-lo, e torná-lo um pouco meu.

Anónimo disse...

cara menina, um poema ou é tudo ou não é nada. ou não é poesia. ou o escolheu porque não tinha mais nenhum ou desconfio que gosta do poema mais do que diz. ou talvez do que pensa. talvez não possa dizê-lo. talvez seja melhor nem o pensar. afinal um blog não é um confessionário. pensando melhor talvez seja demasiado masculino para uma mulher. gostei de a conhecer, mesmo intoxicada.

menina tóxica disse...

hum. deve ter havido aqui uma falha de comunicação qualquer. eu adoro o poema. se o escolhi, não foi por não ter mais nenhum (!) foi por gostar dele, e posso dizê-lo. e não o acho (de todo) demasiado masculino para uma mulher.
eu não seria capaz de o escrever, poque não escrevo nadinha de nada, nem umas rimas.

Anónimo disse...

hum, interpretei mal. as minhas desculpas. pode não escrever mas tem a poesia no sangue. os poetas também mas têm de sangrar para a vermos. como não tenho motivo para lhe querer mal espero que nunca escreva. também se faz poesia sem escrever o que dispensa as hemorragias e conserva a saúde. um abraço.

menina tóxica disse...

:))