Não sei o que é um espírito. Ninguém
conhece a fundo a luz do seu abismo
enquanto o vento, à noite, vai abrindo
as infinitas portas de uma casa
vazia. A minha voz
procura responder a outra voz,
ao choro dos espectros que celebram
a sua missa negra, o seu eterno
sobressalto. Num ermo
da cidade magoada escuto ainda
o rumor de um oráculo,
a febre de um adeus que se prolonga
no estertor dos ponteiros de um relógio,
nesse ritmo feroz, na pulsação
do meu sangue exilado que recorda
um abrigo divino. pai nosso, que estás
entre o céu e a terra, conduz-me
ao precipício onde hibernou a alma
e ensina-me a romper a madrugada
como se a minha face fosse
um estilhaço da tua
e nela derretessem, por milagre,
estas gotas de gelo ou de cristal
que não sabem ser lágrimas.
Fernando Pinto do Amaral
Imagem: Ériver Hijano
21.6.09
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
- março (2)
- fevereiro (1)
- setembro (2)
- julho (2)
- junho (6)
- março (1)
- janeiro (4)
- dezembro (2)
- agosto (2)
- julho (1)
- maio (1)
- abril (2)
- outubro (4)
- setembro (7)
- agosto (6)
- outubro (8)
- julho (3)
- junho (2)
- maio (2)
- fevereiro (3)
- novembro (2)
- outubro (2)
- setembro (4)
- junho (5)
- maio (6)
- abril (7)
- março (8)
- fevereiro (6)
- janeiro (4)
- dezembro (2)
- novembro (1)
- setembro (4)
- agosto (3)
- julho (5)
- junho (6)
- maio (6)
- abril (12)
- março (4)
- fevereiro (10)
- janeiro (2)
- dezembro (5)
- novembro (4)
- outubro (8)
- setembro (4)
- agosto (1)
- julho (9)
- junho (2)
- abril (16)
- março (5)
- fevereiro (14)
- janeiro (3)
- dezembro (11)
- novembro (7)
- outubro (3)
- setembro (6)
- agosto (14)
- julho (4)
- junho (15)
- maio (13)
- abril (5)
- março (2)
- fevereiro (1)
- janeiro (11)
- dezembro (9)
- novembro (2)
- outubro (19)
- setembro (26)
- agosto (17)
- julho (17)
- junho (16)
- maio (9)
- abril (14)
- março (18)
- fevereiro (23)
- janeiro (18)
- dezembro (20)
- novembro (14)
- outubro (22)
- setembro (10)
- agosto (21)
- julho (27)
- junho (34)
- maio (39)
- abril (36)
- março (26)
- fevereiro (21)
- janeiro (23)
- dezembro (31)
- novembro (30)
- outubro (24)
- setembro (20)
- agosto (27)
- julho (36)
- junho (20)
- maio (30)
- abril (30)
- março (22)
- fevereiro (21)
- a cidade surpreendente
- a outra face da cidade surpreendente
- animais domésticos
- antologia do esquecimento
- as aranhas
- azul neblina
- café central
- cinquenta e três
- coisas do arco da velha
- conse-quências
- deliciosamente em surdina
- espiral medula
- gang of four
- hug the dj
- isto não é um twitter.
- jack pidwell
- little black spot
- meia-noite todo dia
- menina limão
- meninas e moças cachopas e gaijas
- nevver
- o café dos loucos
- o perfil da casa, o canto das cigarras
- o puto - o tipo - o tótó
- o sabor da cereja
- os cavaleiros camponeses no ano 1000 no lago de paladru
- palavras de sabão
- paperback cell
- pescada nº 5
- poesia & lda.
- provas de contacto
- sensação de mundo
- sound + vision
- stilb
- there's only one alice
- whispering wishes
3 comentários:
este poema é tão bom que parece que não existe nem existiu(:
apetece roubar, caramba! :D
andreia :)))**
vanessa, rouba :))*
Enviar um comentário