9.7.09

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O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.

Bebe a luz destes dias só dum sorvo
como as corujas o azeite
dos lampadários bentos.


E nós sorrimos,
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos.


Só lá do alto do poleiro azul
o sol doirado e verde,
o fulvo papagaio
(estou bêbedo de luz,
caio ou não caio?)
nos lembra a dor do tempo que se perde.

Carlos de Oliveira
Imagem: itchy life

2 comentários:

s. disse...

carlos de oliveira (': gosto tanto dele. passei um verão (acho que à dois anos) a ler praticamente apenas coisas dele. se bem que gosto mais da prosa que da poesia.


on a non related comment: sobre a minha prévia consideração sobre o novo álbum dos the decemberists tenho a dizer que apesar de gostar mais de outros álbuns este tem algo muito bom que é a sua coesão. ouvi-lo de uma ponta à outra é uma verdadeira delícia. soa quase como uma história. um dos melhores álbuns que ouvi este ano. e pronto era isso. aqui fica a minha retracção (ou retração se eu me subjugasse ao novo acordo ortográfico).

menina tóxica disse...

também gosto muito dele :)

quanto aos decemberists, tenho a mesma sensação quando ouço o álbum. por vezes nem dás conta que passaste de uma música para outra.
aqui em casa será sempre retraCção. aqui a polva não aceita acordos desses. humpft.