Uma arte
A arte de perder não tarda aprender;
tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perdê-las não traz desastre.
Perca algo a cada dia. Aceita o susto
de perder chaves, e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.
Pratica perder mais rápido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de férias
ir. Nenhuma perda trará desastre.
Perdi o relógio de minha mãe. A última,
ou a penúltima, de minhas casas queridas
foi-se. Não tarda aprender, a arte de perder.
Perdi duas cidades, eram deliciosas. E,
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.
- Mesmo perder-te a ti (a voz que ria, um ente
amado), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
Elizabeth Bishop
Imagem: im_on_tambourine
21.9.09
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9 comentários:
lindo **
E estamos todos repletos de desastres, uns mais outros menos. Depende do balançar das coisas... *
"A arte de perder.."
Tudo muito bem enquanto eram mencionados bens materiais ou de valor sentimental..A sra Elizabeth das duas uma, ou não faz a minima ideia do que fala, ou então limitou-se a tentar escrever umas frases supostamente bonitas sem qualquer tipo de sentido. Aos olhos daqueles que realmente procuram um reajuste da vida, sabendo à priori que ha um lugar que jamais será reocupado (a não ser pela saudade), esta visão simplista de algo que não pode sequer ser expresso por palavras será no minimo descabida.
Um mau post, num bom blog. Na minha opinião claro:)
a arte de perder o que nunca foi nosso, mas sempre achámos que sim.deixar ir é uma forma de perder muita coisa...
*
aida :)*
verdade e poesia. toda a razão*
anónimo, dúvido muito que a Elizabeth Bishop não soubesse do que falava para quem perdeu logo muito nova o pai, e como todos nós provavelmente amigos, amores... eu adoro este poema e não acho que sejam somente 'frases supostamente bonitas sem qualquer tipo de sentido' ou que seja uma 'visão descabida'. De descabido não tem nada, este poema para mim mostra bem que quem escreve é alguém que já sofreu várias perdas, e tenta 'amenizar' a dor dessas perdas tentando se convencer de que a 'a arte de perder não tarda aprender'. Ela parece-me até um pouco irónica, terminando o poema quase a deitar por terra tudo o que nos dizia no início, quando diz 'embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.' E, na minha opinião, a vida é mesmo assim, passamos o tempo a encontrar e a perder coisas, pessoas, situações, e temos de aprender a perder, a deixar ir. O que não significa que não custe, que não doa, que não implique saudade (ela faz bem, mesmo quando é triste). E como bem me lembra a andreia, a arte de perder o que não é nosso. Muitas vezes é o problema da posse que nos impede de 'deixar ir'. Porque no fundo nada nos pertence, nem ninguém.
(e bolas, acho que nunca escrevi tanto num comentário, cruz canhoto)
andreia, como já disse, toda a razão a ti também*
Não estava a tentar tirar razão a niguem, muito menos criar qualquer tipo de atrito ou ofender os gostos de quem quer que seja, foi apenas uma opinião (que mantenho por sinal).:) E pelo que leio fui o unico a não gostar muito, portanto não leves a serio:P
PS: tal como disse anteriormente..Bom blog, parabens.
não criaste nenhum atrito, eu estava apenas a tentar explicar porque gosto tanto do poema, perante um desgostar tão grande.
obrigada :)
E eu apenas a tentar explicar o porque de não gostar;)
Vou-me deixar disto de ser o advogado do diabo senão ia ter ja que comentar o post da Sinnerman apra dizer que a mim so me recorda ascorridinhas ao final da tarde e o programa sociedade civil da fernanda freitas na rtp2;P
(vá, este foi só em tom de brincadeira, nada de mandar mais uma explicação de 30 linhas:P)
o sociedade civil, boa. não me lembrei disso. lembrei-me da cena final de um filme, o caso thomas crown. espero que isto dê apenas uma linha.
;)
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