Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Porquê jardins que nós não colheremos,
límpidos nas auroras a nascer,
Porquê o céu e o mar se não seremos
nunca os deuses capazes de os viver.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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