29.4.07





You said I began
This messy state of love affair
And I drink too much and smoke too fast
And this city's cleared my innocence

Coffee is pouring out my ears
It's the only thing they have in here
And my heart stops beating

And when it stops it stops
My heart stopped beating
And when it stops it stops
My heart stopped beating

Number three still on my plate
I heard the trains are running late
And I laugh out loud
My life is a mess
I have gone too far
In my lifelessness

Another coffee it's on the house
The poor girl look is on the owners spouse
And my heart stopped beating

And when it stops it stops
My heart stopped beating
And when it stops it stops
My heart stopped beating

Outside your house
To make a scene
In my head you grabbed me passionately
But the lights are out
And in an hour I walked on home
In the pouring shower
Lost my keys in front of me
My neighbor's smile he's handing me
The blackest coffee you will ever see

And my hearts stopped beating

And when it stops it stops
My heart stopped beating
and when it stops it stops
my heart stopped beating

emiliana torrini, heartstopper (fisherman's woman)



Canção mínima

No mistério do sem fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim
a asa de uma borboleta.

Cecília Meireles

27.4.07





Imagem: Terry Bradley

26.4.07

hoje o super gualter esteve de folga (parece que está há muito tempo!) e não apareceu para salvar o dia... mas estes senhores trataram do assunto...



e isto também...

25.4.07



Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.


Pablo Neruda



black hearts in effigy
we sing the song that was hated
all dressed in rag and bones
sharks smell the blood that I'm bleeding
i know there's something wrong
might take a fire to kill it
might take a hurricane
don't know what life that I'm livin
ohh ohh oh black tambourine
ohh ohh oh black tambourine
my baby run to me
she lives in broken-down buildings
can't pay the rent again
these spider webs are my home now
and when the sun is down
we'll shake and rattle our bodies
to keep it warm at night
my tambourine is still shaking
ohh ohh oh black tambourine
ohh ohh oh black tambourine
doo doo doo doo
black hearts in effigy
we sing the song that was hated
all dressed in rag and bones
sharks smell the blood that I'm bleeding
i know there's something wrong
might take a fire to kill it
might take a hurricane
don't know what life that I'm livin
black tambourine
ohh ohh oh black tambourine

beck, black tambourine (guero)



freedom is a scary thing. not many people really want it.

laurie anderson, statue of liberty (life on a string)

imagem: lukasz klopotowski

24.4.07



cocorosie, the adventures of the ghosthorse and stillborn, 2007

when i saw you on the street, i just had to look away. you were so sweet.



21.4.07

nobody cares anyway, if you play the painted lady





Rumor de água

Rumor de água
na ribeira ou no tanque?
O tanque foi na infância
minha pureza refractada.
A ribeira secou no verão
Rumor de água
no tempo e no coração.
Rumor de nada.

Carlos de Oliveira

19.4.07



A rapariga e a praia

Uma rapariga vai como uma espiga
São cor de areia suas pernas finas
Seu íris é azul verde e cinzento

Uma rapariga vai como uma espiga
Carnal e cereal intacta cerrada
Mas nela enterra sua faca o vento

E tudo espalha com suas mãos o vento

Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: Anne Gilpin



16.4.07






(...) Devoro planícies como se engolisse bolachas de água e sal,
e atiro-me às serranias como à broa da infância. É fisiológico, isto. Comer terra é uma prática velha do homem. Antes que ela o mastigue, vai-a mastigando ele.

(...)

Miguel Torga

15.4.07

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14.4.07


Poema sobre a recusa

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.

Maria Teresa Horta
Imagem: Ima Picó

13.4.07

I'd like to be under the sea In an octopus' garden in the shade He'd let us in, knows where we've been In his octopus' garden in the shade I'd ask my friends to come and see An octopus' garden with me I'd like to be under the sea In an octopus' garden in the shade. We would be warm below the storm In our little hideaway beneath the waves Resting our head on the sea bed In an octopus' garden near a cave We would sing and dance around because we know we can't be found I'd like to be under the sea In an octopus' garden in the shade We would shout and swim about The coral that lies beneath the waves (Lies beneath the ocean waves) Oh what joy for every girl and boy Knowing they're happy and they're safe (Happy and they're safe) We would be so happy you and me No one there to tell us what to do I'd like to be under the sea In an octopus' garden with you.

11.4.07

when i was just a little girl...



9.4.07



lord give me grace and dancing feet



Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo

doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Maria do Rosário Pedreira





Imagem: Jonny Bell

7.4.07



True love will find you in the end
You'll find out just who was your friend
Don't be sad, I know you will
But don't give up until
True love finds you in the end
This is a promise with a catch
Only if you look will it find you
'Cause true love is searching too
But how can it recognize you
Unless you step out into the light?
Don't be said, I know you will
Don't give up until
True love finds you in the end.

Daniel Johnston, True love will find you in the end



Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar caminha para o mar pelo verão.

Ruy Belo

6.4.07

Take it slow
Take it easy on me
Shed some light
Shed some light on things
Take it slow
Take it easy on me
Shed some light
Shed some light on things

My moon, my man, Feist

5.4.07



Parece que existe no cérebro uma zona perfeitamente específica que poderia chamar-se memória poética e que regista aquilo que nos comoveu, aquilo que dá à nossa vida a sua beleza própria. Desde que Tomas conhecera Tereza, nenhuma mulher tinha o direito de deixar qualquer marca, por mais efémera que fosse, nessa zona do seu cérebro.

Milan Kundera, in A Insustentável Leveza do Ser

4.4.07

he dances in secret, he's a part-time punk...



3.4.07



O grilo procura
No escuro
O mais puro diamante perdido.

O grilo
Com as suas frágeis britadeiras de vidro
Perfura

As implacáveis solidões nocturnas.

E se isso que tanto buscas só existe
Em tua límpida loucura

- que importa? -

Exactamente isso
É o teu diamante mais puro!

Mário Quintana
Imagem: Red moon, Elke Claus

2.4.07

Para quem ainda não viu...

primeira parte

segunda parte

O poeta dinamarquês, de Torill Kove (com voz de Liv Ullmann)

(falta só uma pequenina parte, entre os dois filmes, em que Ingeborg descobre que Sigrid Undset morreu e decide ir ao seu funeral onde encontrará Kasper Jørgensen ;)

1.4.07




quero respirar o ar fresco
não só queimar as narinas
mas também os pulmões.
quero chorar de tanto rir
(acho que só uma meia dúzia de vezes chorei a rir),
quero o êxtase nos olhos
e a sensação de queda na barriga,
quero desaparecer e encontrar-me a voar...
quero tanto porque em menos de nada estou a desfalecer e a cair em tristeza,
amargura e frieza profunda.
não há nada de novo aqui,
nem no virar da esquina,
se desistir ninguém vai dar por nada...
por que nada é uma palavra de conceito e definição para algumas pessoas.
e para tudo isto ... pintar o cabelo nada resolve.
acabar por desaparecer com o tempo.

AOG

(obrigada a esta menina por me deixar publicar este doce :)