31.12.08
Cuidado. O amor
é um pequeno animal
desprevenido, uma teia
que se desfia
pouco a pouco. Guardo
silêncio
para que possam ouvi-lo
desfazer-se.
Ruy Cinatti
Imagem: loganart
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28.12.08
Sinto-me como se vivesse dentro de uma nuvem. Branca. Fecho os olhos e deixo-me arrastar. Pelo vento.
É imprevisível o destino de uma nuvem. Pode dar várias vezes a volta ao globo. Ou desfazer-se de encontro à montanha mais próxima. Mas isso em nada parece afectá-las. Afectar-me.
Vivo dentro de uma nuvem. Cujo destino é vaguear. E cujos limites é não haver limites.
Jorge Sousa Braga
Imagem: Lina Scheynius
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23.12.08
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22.12.08
No fundo do mar há brancos pavores
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: Ken Wong
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19.12.08
Soubesse eu que me aceitas
Sentisse eu nos meus passos a firmeza que tem
nos seus a criança que vai para a escola
levada pelos olhos imensos da mãe
tivesse todo o meu ser a configuração
bastante pra caber na tua longa mão
e lá morrer essa mão onde todas as loucuras são
possíveis fosse a tua presença mais do que eu não ter
mais ninguém a meu lado
Não estivesse eu sujeito ao inverno que vem
mais carregado de memórias do que ninguém
E eu não procuraria este meu nome em vão
na folha que descreve o vento
nesta fronte onde vêm repousar as moscas
fronteira do meu pensamento
nas crianças de gestos decisivos
ou noutros pobres seres transitórios
(Nem tanta servidão precisaria para libertar
umas simples palavras do tempo)
Viesses tu beleza sempre antiga e sempre nova
encher aquela mão que abre
dentro de mim a inquietação
e a minha humilde prece tomaria a forma
do mais agudo ângulo das tuas duas mãos
onde toda a paisagem triangular termina
O teu silêncio ondularia menos que qualquer planície
tão pouco ambíguo como não sei que nuvem
Colhesses um por um os meus passos dispersos
achasses-me nos meus perdidos versos
e eu não repousaria nas ideias que estendo como mantas
nalgum pinhal à hora da sesta perto do mar
O teu lugar
seria sempre no côncavo do sonho
eu não me esqueceria
de agora ou logo ir-te lá buscar
E nestas tardes que sobre nós desdobras
passariam as dobras dos cuidados
Em nós quaisquer outonos morreriam
Ruy Belo
Imagem: *dargeg
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em modo: control
revolta contra o deus das polvas
Imagem: TrixyPixie
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16.12.08
Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada diferente
Que bom é pensar em outras coisas
e olhar para as coisas noutra posição
as coisas sérias que cómicas que são
com o céu para baixo e para cima o chão
Manuel António Pina
Imagem: littleDee
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13.12.08
da série Socorro!
Polvo no Forno
Depois de o polvo tenro e bem cozido, corte os tentáculos, disponha-os numa travessa de ir ao forno, regue com azeite e coloque por cima cebola cortada às rodelas muito finas, dentes de alho, um copo de vinho branco e uma colher de sopa de colorau. Leve ao forno a assar até estar pronto.
Alfredo Saramago, Cozinha da Beira Litoral
(alguém pediu polvo para o Natal?)
posted by menina tóxica at 21:55 5 comments
12.12.08
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royal silence
A certa altura numa conversa entre Tom e James, James explica que Anne é muito calada, mas que ela tem uma grande vida interior.
Pelo menos é o que ele espera.
(mais coisa, menos coisa, mais palavra, menos palavra.
estão a ver? isto é muita vida interior, os tentáculos a pensar e tal e coisa)
Royal Wedding, Stanley Donen (1951)
posted by menina tóxica at 21:55 4 comments
uma moça tem de estar pasmada a olhar para um daqueles canais de música que têm pérolas como: the final countdown, para descobrir que esta música linda estava ligada a este menino lindo
(ou, como o david bowie e o sean penn estão relacionados. ou, como não ter o que fazer à vida, ou ter, mas não ter vontade nenhuma e ter muita preguiça. ou, como arranjar uma desculpa para postar uma foto do sean penn)
posted by menina tóxica at 01:51 6 comments
11.12.08
Se procuro o teu rosto
no meio do ruído das vozes
quem procura o teu rosto?
Fala obscuramente
em qualquer sítio das minhas palavras
ouvindo-se a si próprio?
Às vezes suspeito que me segues,
que não são meus os passos
atrás de mim.
O que está fora de ti, falando-te?
Este é o teu caminho,
e as minhas palavras os teus passos?
Quem me olha desse lado
e deste lado de mim?
As minhas dúvidas, até elas te pertencem?
Manuel António Pina
Imagem: ketis
posted by menina tóxica at 00:22 0 comments
10.12.08
coisas lindas que envolvem polvinhos feitas por limões (em casas lindas)
© Jennifer [hark, hark, the dogs do bark]
© Jennifer [hark, hark, the dogs do bark]
sou uma criatura do mar
visto tranças para enganar
as tempestades.
posted by menina tóxica at 00:58 3 comments
8.12.08
posted by menina tóxica at 18:58 7 comments
Não sei que mistério
prende meu coração ao dia de hoje.
Tanto, que me parece
que estou ausente da vida
e apenas real nesta paisagem.
Albano Martins
Imagem: ipkisiyamaskosis
posted by menina tóxica at 17:30 2 comments
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